8.30.2010

Festa Burguesa

Chamaram o juízo
quando a casa estava a pegar fogo
e os vizinhos gritavam aos telefones
mas os vilões eram inofensivos
com suas sirenes e seus carros velhos
de atropelar bandidos

sangraram sobre salto altos
as mansões de carne e osso
depois os arquitetos se empenharam
e puseram tijolos novos em seus pescoços
sem dó
nem piedade
seus corpos de cimento em violento
equilíbrio sobre a terra

Na hora de ir embora
a rua tinha desaparecido
e a porta de saída era a sala
de achados e perdidos
onde meninos tão valentes
vomitavam e bebiam leite

8.23.2010

Teatro Oficina visita Belém

Neste mês de agosto a cidade de Belém recebeu o Ilustríssimo Teatro Oficina do Zé Celso Martinez. A "Tenda" do Oficina começou a ser armada na praça da bandeira no dia 12, projetada para receber uma platéia de 2000 pessoas que assistiriam a 4 espetáculos que juntos denominam-se as Dionisíacas em Viagem, são estes: Taniko (19/08), Estrela Brazyleira a Vagar - Cacilda!! (20/08), Bacantes (21/08) e O Banquete (22/08).

Bom, além da praça da bandeira o Grupo foi recebido na Escola de Teatro e Dança da UFPA aonde o grupo ministraria oficinas gratuitas de Interpretação/direção/musica, iluminação, sonoplastia, figurino, transmissão, e vídeo (que foi a que eu me inscrevi).
A chegada do oficina à ETDUFPA foi um tanto quanto polêmica devido a postura do grupo diante da cidade de se colocar como os grandes colonizadores/ salvadores da pátria, digo isto por uma série de conversas que tive com integrantes do grupo e que de fato me cansaram a cada exclamação de:" mas como assim tem curso de arte aqui na Universidade???" ou " mas como assim vocês trabalham com video nas montagens teatrais de vocês?" ou " ah, tem um festival de teatro acontecendo aqui agora? ah então se faz bastante peça aqui, é?!" (O Oficina chegou durante o período do Festival Territórios de Teatro), além disso o próprio Zé Celso em entrevista à Tv Liberal no primeiro dia de oficina de interpretação (que acabei participando) conta que não faz idéia do que se passa na cena paraense de teatro pois a trinta anos não visita a cidade, entretanto chegou aqui muito conhecedor da gabi amarantos.

Resultado disto, a peça O Banquete que assisti na noite e madrugada de ontem veio cheia de regionalismos esteriotipados e deslocados na encenação, como a música da Pinduca sobre o vestibular que foi cantada ontem desnecessariamente por sócrates, bem como uma série de outras gratuidades regionalistas que serviam para que o público se alegrasse ao pensar: "Puxa, o grupo oficina conhece o Pinduca, eles sabem o que é a riachuelo, olha eles tocaram carimbó, que maravilha!!!

Bem, a oficina de video foi bastante interessante até porque quem participa das oficinas e se interessa pelas montagens pode delas participar, alguns colegas meus estavam por lá operando cameras, trabalhando no espetáculo; é claro que para eles não existe remuneração pelo trabalho extra que o Oficina descola em cada cidade, mas enfim, ainda acho que foi mais proveitoso que os participantes da oficina de interpretação que durante o espetáculo inteiro perambulavam pelo "teatro extádio" vendendo vinho vestidos de togas, cada taça à cinco reais, que maravilha!! No restante do tempo eles ficavam lá de figurino sentados ao redor do palco tendo tanta participação quanto o público( menos até, eu diria).
Do restante das oficinas não posso dar opinião alguma pois não acompanhei. Mas entenda-se por favor, que este não é um ataque ao Teatro Oficina ou ao nosso querido Zé, pelo contrário, fico eu feliz que haja alguém pra fazer por aí este tipo de teatro, e mais feliz ainda fico de este alguém não ser eu.
Viva Zé Celso Martinez, Viva o Oficina e Viva a bagaça!!! Por que estas três coisas são legais na mesma medida.

8.10.2010

Meu coração tem batido em tudo quanto é porta. É o problema de não ter um lar, como é que dá pra viver sem ter onde morar? Taí, eu sempre quis falar de assuntos sérios de verdade que não essas dores de mentira que a cabeça inventa e o corpo acredita. Pois bem, falemos dos sem teto por fim. E por fim, comecemos pela música da casa engraçada que não tinha nada; aí, lá dentro(ou fora) a gente bota o meu coração e começa uma história, a grande história de amor entre o meu coração e o sereno...
Já se disse foi muito que os opostos se atraem e se tem uma coisa que o meu coração nunca foi
é sereno.


Ah, o que eu queria mesmo era ser escritora, pra saber sempre como começar uma história.
De novo. E de novo. E sempre.