1.30.2013

Cobrança

Meus ouvidos recebem cobras à vontade desde o tempo onde eu não rastejava. Quando elas chegavam - quando chegam ao tímpano é quase como se dançassem uma dança de dor no estreito canal auricular, mas não são parecidas com insuportáveis dores de ouvido. São piores: aéreas em seu rastejar. É a falta de motivos que difama as cobras si mesmas como oroboros. Dentro de si há uma promessa de cura.
Agora o sussurrado de tua língua melada em busca dos segredos dos outros caminhos dos outros que nunca vou contar pros outros, novamente. Quando as cobras chegam à memória, em uma tentativa cruel de suborno réptil, também são surpreendidas por minha falta de atenção:  sei olhar nos olhos quando inoculam-me veneno, mas poucos sabem o quão peçonha minha é colossal como a usina que cria todo o mau e lança-o de Marte à Terra. Guerras também são bem vindas quando quero lembrar. É necessário dez anos minimamente para que eu lembre de algo. O ciclo do tempo corroeu a sensação de que somos um por todos. Sofro com este próximo ninho cheio de ovos longínquos, chocados serão pela serpente eucuriosa de tua libido errática. Tomo um copo de veneno pra ver se passo da água ao vinho, do pão aos peixes, da cobra ao coração.

1.29.2013

Olhos ardentes

Pimentas nas órbitas


 
Diante do castelo
de cartas marcadas 
Serei um homem
e um rato


(roer a roupa do rei até despir o poder
de seu veludo barato.)

1.17.2013

Quando ela
sai do meu sonho
nada disso
faz sentido
algum
nenhum
travesseiro
pode me confortar...

1.15.2013

eu te desejo
por onde meus poros
costumavam exalar
sonhos