10.18.2011

Enquanto pousavas na lua
eu compunha elegias
Bradavas sem firmamento
a grandeza do progresso
E eu sonhava com os girassóis da idade das trevas.

10.14.2011

Para o Artur

É que a Maria Callas tem as narinas da moça que eu queria para minha namorada.

Fora isso, a ópera só me agrada em:

- noites de sono fácil
- momentos em que uma pessoa se sente à vontade para a narrar as próprias tristezas num dia comum, em meio a um bate papo no café da tarde.
- cenas de ação dos desenhos japoneses.

10.11.2011

Como é que se sabe que hoje é o dia da tua morte?
Como é que nem se sabe que o hoje é o dia da minha morte?
Como é que eu posso acordar, tomar café, derramar um copo dágua na pimenteira, escovar os dentes e nem saber que hoje é o dia da minha morte?
Pra quê café? Pra quê pimenteira? Pra quê dente?
Se hoje é o dia da minha morte eu deveria acordar com a anunciação:

Hoje é o meu dia de morte.

E todo mundo me diria:
_Feliz dia da tua morte! ou
_ Parabéns pelo dia de morte! ou
_ Finalmente chegou o grande dia!
(Não seria esse o menor?)
Ao invés disso eu acordo,
café,
pimenteira,
dente
e depois computador, rua, transito, banco, telefonema aqui e ali, e um pouco de teatro pra cá e pra lá, porque afinal, toda pimenteira pede um copo dágua. Mas se eu soubesse que hoje, justo hoje era o dia da minha morte, eu me despedia da família, da saudade do meu cachorro, da saudade dos amigos que nem são mais meus (daqueles que ficam na segunda série do fundamental) me despedia de alguns amores, e de mim mesma, e aí sim, ia embora como se hoje fosse o último dia da minha vida
e também o primeiro da minha morte.

Nada como começar de novo...