6.24.2009

Rede Teatro da Floresta

http://redeteatrodafloresta.ning.com/

6.21.2009

FLASH MOB?



Flash Mob atualmente é como se designa uma ação previamente combinada, inusitada, na qual a dispersão é tão rápida quanto a aglomeração.



(Ironicamente, nas circunstâncias atuais da luta estudantil, o que define o Flash Mob é tudo que caracteriza a desmobilização do movimento. A ação previamente combinada pode se tornar um grande equívoco se for levada ao extremo, visto que o resultado num momento de tensão política é imprevisível – a não ser que a idéia seja gerar o caos; entretanto, responder o caos com o caos é nada mais que agir preconceituosamente, sem reflexão, vide Suely Vilela, Serra e sua Tropa).



Confesso que o meu olhar sobre essa mobilização relâmpago dos estudantes anti-greve é pouco generoso; particularmente achei uma manifestação irrelevante em relação aos acontecimentos dos últimos dias.



Senti, entretanto, necessidade de apontar uma fagulha nisto tudo que me parece interessante: o encontro travado entre os estudantes contra a greve autores do Flash Mob, funcionários e estudantes que apóiam a greve. Depois do patético incidente no Sintusp em que os estudantes anti-greve atrapalharam a Assembléia dos Funcionários, o espaço da prainha ficou cheio de pequenas rodas onde se discutiam as pautas e os porquês da greve; estudantes contra e a favor da greve tentaram por algumas horas esclarecer seus respectivos pontos de vista, este rascunho de diálogo já me parece bem-vindo. Claro que a grande maioria dos estudantes contra a greve pecou pela (inaceitável) desinformação, fato este que exaltou ainda mais os ânimos dos estudantes a favor. Infelizmente, em determinado momento a cena foi inundada por um grande falatório, palavras da ordem e quase nenhuma escuta.



A potencialidade do Flash Mob está na expressão de idéias opostas ao que vem sendo visto e pregado nas Assembléias do Movimento Estudantil, a possibilidade do contraponto e da construção de debate, o fluxo e contrafluxo de pensamento, mas essa troca se torna quase inviável quando um dos lados da discussão não tem aprofundamento e nem articulação política para o embate de idéias.



Outro ponto que para mim tira o crédito do Flash Mob é que sua organização foi feita entre pessoas que possivelmente não percebem a política como prática diária, através do orkut, msn, yahoogroups, ou outros programas de sociabilização cibernética do gênero – sociabilização cibernética em outras palavras é solidão, e não nos tiro da berlinda neste ponto.



Na parte da tarde os autores do Flash Mob iam se encontrar na Praça do Relógio para tentar outra manifestação. Mas aí minha parca paciência já tinha ido pelo ralo.

6.19.2009

Minha barata de estimação

Não tenho pé nem cabeça: sou só um toco, um tronco de corpo e que cria uma barata chamada Amanacy (foi ela mesma quem me disse seu nome). Tive que fazer um curso intensivo de Braile para entendê-la, afinal não tenho olhos nem ouvidos para xeretar as coisas mundo. Isso foi a única coisa que ela me disse sobre ela, e claro, também, que era uma barata, senão nunca teria descoberto, afinal nem olhos nem ouvidos.
Conversamos quando ela vai subindo pela perna, me dançando alguma canção de amor do bueiro mais distante. Corro por aí (e é muito difícil fazê-lo com as mãos) com a minha Amanacy agarrada no guarda chuva, voando igual a alguma coisa que eu nunca vi voar. Que linda!

6.18.2009

Barata Branca

No mundo das baratas nada se sabe bem ao certo . Mas foi que certa vez, de uma colônia não tão grande e não tão pequena, nasceu uma barata branca. De fato não sei se as baratas têm colônias ou se são sozinhas mesmo, se forem esta mais que as outras era a única dela. As baratas não costumam se dar nomes próprios, uma barata chama a outra de barata e vice versa, não há porquê nominá-las, ou numerá-las, são infinitas e a mesma, barata. Baratas são baratas e é assim desde o nascimento da primeira. Barata branca nascida de mãe barata e pai barata era branca, considerada a princesa do reino das baratas de esgoto da Trindade fugia todas as noites para se instalar nalgum muro branco que a camuflasse na sua albinisse e esperava o encaixe, lado positivo dela que era uma negação só, barata branco. Não saberia dizer que nessa busca ela deitou-se com algumas centenas de baratas-só-baratas, pois entendo que as baratas naturalmente deitadas já estão. Então ponhamos dessa forma, há de chegar o dia em que todos veremos barata malhada no chão de nossas cozinhas e box, milhares dela.
Barata branca, só eu mesma vi, e juro que se não fosse a minha ânsia de vômito por baratas eu bem que a levaria para casa, visto que a estimo muito, mas barata de estimação é coisa sem pé nem cabeça.

6.03.2009

Eu lembro da foto do Walter que tinha na coordenação da Escola de teatro, num açude, por aqui pelo Pará. Eu achava aquela foto linda e confesso que queria ter um dia uma igual com algum amigo meu no mesmo contexto.

6.02.2009

Tristeza

É pelos meus que aqui escrevo.
Morreu hoje um do artistas que fez parte de minhas primeiras andanças na escola de teatro.
Eu nunca o conheci de fato, nunca fomos apresentados, mas andávamos pelos mesmos lugares e provavelmente amávamos as mesmas pessoas. Hoje essas pessoas estão doídas, chorosas, tristes, debaixo de alguma mangueira da praça da República, lamentando a partida de mais um companheiro.
Faz menos de três anos nosso Luiz Octávio e nossa Darcy foram embora... e é curioso como nestas minhas andanças pela autonomia da educação, pela liberdade, pela força pública, pelo poder da palavras, pelos poeminhas de fundo de panela, pela sonoridade dos apitos, pela necessidade de dar cria, pela subjetivação da marginal pinheiros, pela canastrice sagrada de toda cena, eu acabei apagando da minha memória alguma dor que não se apaga.

O Walter Bandeira eu só conheci de voz e de oi, mas quem me consolará agora que os olhinhos da Olinda estão tristes no meu pensamento?

6.01.2009

Militares Invadem a USP

É por ser completamente ilegítima e anti-pública que se chama INVASÃO e não OCUPAÇÃO.

Notícia tirada do Estadão; notas pessoais.


SÃO PAULO - O campus da Universidade de São Paulo (USP) amanheceu ocupado pela Polícia Militar (PM) nesta segunda-feira, 1. Membros da Força Tática organizaram uma linha defensiva na entrada da Reitoria e viaturas foram destacadas para diversas faculdades. Por volta das 15h30, a PM deixou o campus.



Os policiais atenderam ordem da juíza Maria Fernanda de Toledo Rodovalho, da 12ª Vara de Fazenda Pública do Estado, expedida em uma ação de reintegração de posse proposta pela universidade.



A Reitoria, por meio de sua assessoria, informou que a ação de reintegração de posse foi proposta pois grevistas bloqueavam duas entradas do prédio desde a última quarta-feira, 27, impedindo a entrada de outros funcionários. Ao chegar no campus, porém, a polícia não se deparou com um bloqueio e decidiu permanecer "preventivamente".

NOTA: Do alto de seus coletes à prova de bala, a tropa de choque se colocou à frente da reitoria naquela costumeira postura opressiva, com seus escudos e porretes. Acredito que não basta questionar a atitude naturalmente agressiva da tropa de choque, mas sim a atitude da reitora que, ao ativar a tropa de choque deslanchou um movimento extremamente repressor e ditatorial que é, porém, velado por argumentos que se mascaram como política de apaziguamento e harmonização do corpo universitário.



O clima ficou tenso principalmente pela manhã. Pegos de surpresa, muitos estudantes consideraram a medida exagerada. Os funcionários, que decidiram ontem manter a greve deflagrada há 26 dias, marcaram novo protesto para quarta-feira, às 11h. Para os grevistas, a presença da PM foi "ditatorial".

NOTA: Medida exagerada é eufemismo. Militares na USP fazem sangrar a história do país. Esta situação não afeta apenas o corpo universitário da USP, mas também faz ruir o que resta dos nossos direitos públicos.




Para a estudante Lia Segre, que chegou à universidade às 8 horas e se deparou com a presença dos policiais, a medida faz parte da uma estratégia da Reitoria para acabar com a greve dos funcionários. "Os funcionários que não voltaram para o trabalho estão sendo pressionados por seus chefes para voltarem, e os que não voltam temem represália política", disse. "Essa reintegração de posse é um absurdo, pois o prédio não estava ocupado", afirmou.



O Sintusp exige reposição inflacionária de 6,1%, reajuste de 10% e a readmissão do ex-funcionário Claudionor Brandão, demitido em 2008. A USP oferece reajuste de 6,05% a partir dos vencimentos de maio e aumento de 16%, em média, nos benefícios