6.21.2009

FLASH MOB?



Flash Mob atualmente é como se designa uma ação previamente combinada, inusitada, na qual a dispersão é tão rápida quanto a aglomeração.



(Ironicamente, nas circunstâncias atuais da luta estudantil, o que define o Flash Mob é tudo que caracteriza a desmobilização do movimento. A ação previamente combinada pode se tornar um grande equívoco se for levada ao extremo, visto que o resultado num momento de tensão política é imprevisível – a não ser que a idéia seja gerar o caos; entretanto, responder o caos com o caos é nada mais que agir preconceituosamente, sem reflexão, vide Suely Vilela, Serra e sua Tropa).



Confesso que o meu olhar sobre essa mobilização relâmpago dos estudantes anti-greve é pouco generoso; particularmente achei uma manifestação irrelevante em relação aos acontecimentos dos últimos dias.



Senti, entretanto, necessidade de apontar uma fagulha nisto tudo que me parece interessante: o encontro travado entre os estudantes contra a greve autores do Flash Mob, funcionários e estudantes que apóiam a greve. Depois do patético incidente no Sintusp em que os estudantes anti-greve atrapalharam a Assembléia dos Funcionários, o espaço da prainha ficou cheio de pequenas rodas onde se discutiam as pautas e os porquês da greve; estudantes contra e a favor da greve tentaram por algumas horas esclarecer seus respectivos pontos de vista, este rascunho de diálogo já me parece bem-vindo. Claro que a grande maioria dos estudantes contra a greve pecou pela (inaceitável) desinformação, fato este que exaltou ainda mais os ânimos dos estudantes a favor. Infelizmente, em determinado momento a cena foi inundada por um grande falatório, palavras da ordem e quase nenhuma escuta.



A potencialidade do Flash Mob está na expressão de idéias opostas ao que vem sendo visto e pregado nas Assembléias do Movimento Estudantil, a possibilidade do contraponto e da construção de debate, o fluxo e contrafluxo de pensamento, mas essa troca se torna quase inviável quando um dos lados da discussão não tem aprofundamento e nem articulação política para o embate de idéias.



Outro ponto que para mim tira o crédito do Flash Mob é que sua organização foi feita entre pessoas que possivelmente não percebem a política como prática diária, através do orkut, msn, yahoogroups, ou outros programas de sociabilização cibernética do gênero – sociabilização cibernética em outras palavras é solidão, e não nos tiro da berlinda neste ponto.



Na parte da tarde os autores do Flash Mob iam se encontrar na Praça do Relógio para tentar outra manifestação. Mas aí minha parca paciência já tinha ido pelo ralo.

Um comentário:

  1. Flashmobs direcionadas para críticas sociais e afins perdem todo o caráter que as define desde o seu surgimento. Um happening não é uma performance e uma flash mob não é uma passeata mais rápida. Blé.

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