O rio continua pleno em seu fluxo ora calma, ora avassalador. Nada importa.
E é esse mesmo rio, onde se banham os urubus, que corre em minhas veias.
Agarrou-se ao espanto de não mais largar e ali seguiu. Dias tediosos e águas paradas.
Converteu-se em pedra, mas ainda respirava.
10.11.2016
qual espécie de pássaro
não canta e não voa
e não por isso reclama
da ausência de uma existência farta
em que a liberdade
é fino fio de navalha
amolada no pescoço
de quem ama o dinheiro
mais do que a charada?
Para todos os troianos, que só por causa de uma Helena caíram no conto do cavalo.
Os príncipes andam cansados de cavalgar, sempre deixando suas esposinhas apolíneas na escuridão do aguardo. Viraram chefes de família nossos sonhos encantados, por isso não os sonhamos mais! Devaneios de chá de panela estão nas noites que não se aproveitam.
O jogo de xadrez começou, e nos primeiros lances, os quatro pangarés amargaram o banimento.
Agora as grandes apostas do Jóquei Clube são avestruzes e suas pernaltas desengonçadas.
Vieram todos os cavalos para nosso estado de sítio.
Para a família feliz que não é feliz. Algo entre um estábulo e o cu da mãe Joana.
Para o colo de nossos agrados incompetentes.
Para nossas manias de rir em lugares onde é proibido rir.
Para nossos chororôs e siricuticos de final de tarde.