10.31.2009

Fim de Festa

Foi no mínimo simbólico o teu ato de apagar a luz e me deixar sozinha no quarto.
Neste instante a escuridão foi injetada em minhas veias todas, para desbravar meu corpo e inibir amargamente o meu coração de saracotear. Aí meus olhos se abriram num estalo estrondoso de interruptor e eu descobri: não quero mais gostar dela. Ou seja, além da lâmpada do quarto, tu apagaste a minha luz.

Descobrir uma querência dói mais que descobrir uma razão.

(Mais um coração partido no mundo.)

Então eu peguei seis horas de viagem, de Franca para São Paulo, num ônibus de chorar.

E tu ficaste na minha memória na pior das imagens: fumando o teu cigarro na beira da janela, com a expressão de quem sabe tudo de tudo.

E se não fosse o suficiente, eu ter me esvaído de sentimentos nesta itinerância, ainda fui burra de esquecer meus óculos de grau sobre a tua mesa - burra ou eu queria um motivo pra voltar? sei lá. - mais uma situação que bate no que eu sinto: por tua causa vejo agora a vida feito um borrão no meu cotidiano.


O conselho da Aninha, no final das contas, é o melhor:

cuidado com café/cigarro/aline.

10.29.2009

Eu não estou comprometida;
não parei de fazer teatro;
não deixei de amar o meu bem;
e não passei na prova de carro;

tenho que me desintoxicar desses nãos...
(e desses ais)

10.26.2009

É tudo assim ó: !
Falar demais! Beber demais! Fumar demais! Gostar demais!


DEFINITIVAMENTE: Tenho que me desintoxicar desses mais.

10.18.2009

Gente, tô comprometida.

10.13.2009

ai minha época do justus Chermont

saudade da minha época que eu estudava no justus chermont, de quando eu ficava de fulerage ca Helen, dars calcinha de renda da Neide, da cara de pau do Everton, de avacalhar ca cara da bebe-leite, da professora felicia, de pegar pau la no rio maguari, da puta da deyse que darra pra todos do convenho, da nossa merenda que arrente robava da banca do seu juraci, dars palhaçada que o spoka-bode fazia, dos meu xamego com meu Tyger, das nossas briga de soco com as meninas do souza franco, da sapatona da paola que tentava beija ars minina la da sala, ai era a maior sacanagem que agente faziamos, eu sinto uma falta, pena que larguei no 1° pq fiquei gravida da claudilene, agora to com 22 anos, e já tenho 3 filho, e ainda penso no estudo em fazer um tecnico de enfermagem pra poder dar uma vida boa pra claudilene, claudiano, claudisson. pena que nao tenho tempo, mas quem sabe um dia gente.

Bjks
Deusa Kelly de Souza Matos

Eu No Círio - Paloma Franca Amorim

Com o vendedor de fitinhas, santinhos e terços:
- Moço, isso aqui é fitinha de Bom Jesus de Congonhas...
- É tudo santo!
- O senhor é de Belém?
- Não, sou de Aparecida, é a primeira vez que eu venho nessa festa.

Em dia santo não chove. Em Belém é assim já faz séculos, a única água que cai do céu é dos apartamentos, atirada sobre a corda por todos os vizinhos do mundo para refrescar os promesseiros, eu mesma já joguei bacias e bacias de água da casa da minha tia na Avenida Nazaré. Quando eu era criança isso estava muito mais ligado à tentação da traquinagem do que a qualquer resquício de altruísmo em mim, tive que crescer para descobrir que água umedece a alma.

Aqui em São Paulo não foi diferente, depois de um longo friozinho de início de primavera, regado pelo desregulado clima da grande metrópole caótica, o sol apareceu e animou o meu dia. Peguei o carro e fui para o Círio que a comunidade paraense da zona Oeste faz numa igrejinha lá na Sumaré. De Círio vi quase nada, a Santa estava meio escondida atrás das barracas de maniçoba e doce de cupuaçu.

Comprei aquela CERPA e a vi esquentar em dois goles - lembrei dos bons tempos de chazinho de cevada na calçada da Pariquis, no antigo Café Imaginário.

Procissão não teve, teve fila homérica na barraquinha do vatapá. Haja fé!

Um pratinho ralo: R$20,00

Me contentei com uma empada de camarão & uma unha de caranguejo. Lembrei da praça do Carmo, no Recanto em que uma tigela de maniçoba era cincão.

Nem Guaraná Garoto tinha.

Eu meio deslocada fiquei olhando pela beira dos óculos escuros uma moça e um rapaz dançando aquele bregão jurunense que eu só ouvia de sábado à noite quando dormia na casa do meu pai.

Bati um fone pro Ícaro: ê! Feliz Círio!

Ele estava dormindo.

Vi uma menina que estudou comigo, fingi que não vi. Acabei parada no meio daquele pátio pensando que Círio de fundo de quintal é muito ruim, pior do que os forçados almoços em família que eu passei durante tantos anos, pior do que ter que representar o meu colégio na barquinha dos milagres, pior do que acordar às seis da manhã pra chegar cedo na Casa Chamma, pior do que andar oito quarteirões apinhados de gente pra chegar em casa no final do dia, pior do que o cheiro de mijo em todas as esquinas da cidade, pior do que passar por turistas deslumbrados que tudo tentam patentear, pior do que comer pato no tucupi aos quilos e passar mal depois.

No Círio de 2006 eu e minha irmã inventamos a palavra de ordem: Círio de Nazaré, perdemos a mãe mas não perdemos a fé! (Muito putas com a Nazica e com o João Carlos Pereira que era o porta-voz dela na TV Liberal).

Eu até prometi que ia na corda se ela sobrevivesse. Não me atenderam, pior pra corda que perdeu o meu corpinho sinuoso.

Quando eu ganhei aquele concurso de redação em 2002 (do qual ninguém se lembra porque todos perderam a fé!), o cara da rádio Nazaré falou:

- Quê que Plácido tinha na boca quando encontrou a imagem de Nossa Senhora?
- Hum... (Não, sei... eu sou atéia moço... deus é o sol.)
- Dentes!!!
- (Ah ê! Bonachão! Que anedota boa, campeão!) heheheheheeheheh!

Quando a mesma peste do apresentador perguntou para as meninas que ganharam segundo e terceiro lugar sobre a importância de Maria elas falaram sobre o Espírito Santo e a Santíssima Trindade.

Para mim surgiram três possíveis respostas:

1. Maria?! O nome dela não era Nazaré!?

2 Maria é 13! É PT! (Em função da nossa candidata às próximas eleições para a prefeitura de Belém).

3. Maria... eu não sei se é um homem, se é uma mulher... se é um espírito. É uma força muito grande. (Foi essa que eu escolhi, Luana depois disse que eu peguei pesado questionando o sexo da Santa. Tia Ana Lúcia falou que eu tentei romantizar a coisa e transformei nossa padroeira num travecão).



Minhas doces concorrentes usavam saias brancas, sapatos com saltinho, presilhas no cabelo e eu já era meio sapa.

Tio Sérgio me chamou para ler minha redação na casa dele, no dia da novena. Dona Sônia chorou bicas enquanto eu flertava com o neto dela.

Tá, Paloma, você é a porra-louca que Deus gosta. Complexo de Cazuza, quer chocar o mundo, quero-ser-tropicalista.


Não, não... eu só tô é com saudade.

10.11.2009

Promocional


PROMOÇÃO EU NO CÍRIO


São 4 blogueiros com 4 experiências diferentes desta festa da fé.

E você leitor, vai decidir quem vai ganhar esta berlinda de prêmios!



Brinquedos de Miriti!




Um pedaço da corda!





Uma bolsa de estudos na Paratur!



Vários Carros!

e...




UMA MEGA BALADA NA AVENIDA NAZARÉ!

10.08.2009

Não tinha como dar certo. É como eu tou te falando, o meu ônibus é o azul e o teu é amarelo.

Mas e daí?

E daí que é óbvio que vamos pra lugares diferentes.

10.07.2009

No dia 4 de dezembro de 2009 eu entrei num portal celeste, cuja chave foi um boa noite cinderela terrível que envolveu várias latinhas de cerveja itaipava, copos longos de steinheggen, caipirosca e buxudinha. depois deste fatídico dia, minha vida nunca mais foi a mesma. várias decisões irrefletidas foram tomadas e hoje eu pairo num disco voador observando a alta temporada de fascistas na cidade de são paulo.
depois do dia 4 de dezembro, eu:
beijei a boca do diabo;
atropelei um cachorro de ouro;
casei em las vegas;
divorciei em santa rita do passa quatro;
perdi uma perna,
perdi a outra... a outra perna.
caí num rio e me afoguei até desmorrer;
cantei uma música em silêncio;
aprendi a fazer luz a partir da ponta dos meus dedos;
larguei a terapia;
cacei um gueopardo australiano de listras blacks.
- ô minha linda.
- eu não sou tua nem sou linda.
- tá bom sua baranga.
Porra, gente, eu tô precisando de um mimo.

Chega de esnobadas.

Chama o Elevador/ Diz Que É Pra Voar

"Deixa que minha mão errante adentre atrás, na frente, em cima, embaixo, entre..."
Música pra que te quero.


Onde andam vocês?
Esse lar está cheio de palomices eu já estou achando um saco.


-Alô, Sibila, é a Paloma. Novidade né? Bom, Sibila, me liga por favor. Eu tomei no cu de chapéu.

Ela mais tarde:

- De chapéu????
- Opa. De chapéu.

10.05.2009

Volver a Los 17

- Ela isso, ela aquilo, ela aqui, ela acolá.

Olinda responde:
- Nossa, meu bem, não te vejo falando assim desde os teus 17 anos.



Agora ela é, tipo assim, de pra sempre.

10.03.2009

Golpe Militar em Honduras





Te inquieta?

Clica aqui.

10.02.2009

Escrito em 14 de Maio de 2005

Sobre Maio

Nem foi comigo. Foi com um menino que estudava comigo e se chamava Maio.

Todo mundo tocava a falar: esse Maio ainda vai ficar doido!

Isso eles falavam porque o Maio vivia sozinho, e o caderno dele, de cabeça pra baixo, eram poesias perdidas e mal terminadas. Ele fazia perguntas que ninguém sabia se haviam respostas, e se haviam, ficavam guardadas bem debaixo do fichário ou do livro, de um jeito que ninguém pudesse encontrar.

E andava todo descabelado também, parecia que não falava com um pente há anos... todo dia chegava bem atrasado e sentava na última cadeira da última fileira, junto com aquelas pessoas que nunca te olham nos olhos. Mas o Maio era o mais encantador.

Eu não sei porque resolvi falar dele, na verdade resolvi falar do único dia que consegui trocar uma palavrinha com ele. A gente estava na parada de ônibus e eu não poderia perder a oportunidade de avisá-lo que seu cadarço estava desamarrado.

- Maio, o teu cadarço tá desamarrado.

E foi só.

Teve um dia que ele estava estranho, estava pálido, mais calado do que normalmente, acho que estava passando mal, eu não sei, só fui me tocar mesmo quando o pessoal no meio da aula começou a se alarmar... e de repente nós armamos sem notar uma redoma em volta dele.

Eu não pude fazer nada porque ele já estava desmaiado, e nós já estávamos em Junho.

Casório = Casamento+Velório

O sol apareceu para tomar café. Ele tenta se sentar numa cadeira mas as janelas deste prédio são sempre tão fugidias, escondidas atrás d'alguma árvore ou embaladas por cortinas de caros panos.
Vejos os jovens casais descendo no elevador para mais um dia de trabalho, aquela alegria nos olhos, aquele evidente clima de vida perfeita, o lar, os filhos planejados, o papel de parede floral. A moça é linda com seus olhos claros, o rapaz começa a engordar um pouco porque a comida que ela faz é um manjar dos deuses.
Tudo é belo neste dia belo.
Minhas olheiras assustam estas criaturas. Olheira é coisa de gente que não dorme bem. E quem não dorme bem não merece o sol. Eu mereço, eu não dormi porque queria beijá-lo; mereço mais do que qualquer um.
Minhas amigas todas estão casando, estão vestindo sua carapaça de sonho, a maior das realizações sociais, a perpétua construção familiar, a aliança de ouro no dedo-que-nem-sei-qual-é.

Me perguntaram ontem se eu quero me casar.

Sim, eu quero desposar um samba triste.

10.01.2009

Dicionário Papa-Xibé

- O que é siricutico que você tanto fala?

- É uma mucura na barriga.
Arrumando a bagunça da sala de ser e/ou estar.

Gosto de gráficos, descobri isso ontem na aula de Iluminação.

Estou trabalhando num agora muito interessante: qual é maior valor do vértice do meu coração partido?