10.02.2009

Escrito em 14 de Maio de 2005

Sobre Maio

Nem foi comigo. Foi com um menino que estudava comigo e se chamava Maio.

Todo mundo tocava a falar: esse Maio ainda vai ficar doido!

Isso eles falavam porque o Maio vivia sozinho, e o caderno dele, de cabeça pra baixo, eram poesias perdidas e mal terminadas. Ele fazia perguntas que ninguém sabia se haviam respostas, e se haviam, ficavam guardadas bem debaixo do fichário ou do livro, de um jeito que ninguém pudesse encontrar.

E andava todo descabelado também, parecia que não falava com um pente há anos... todo dia chegava bem atrasado e sentava na última cadeira da última fileira, junto com aquelas pessoas que nunca te olham nos olhos. Mas o Maio era o mais encantador.

Eu não sei porque resolvi falar dele, na verdade resolvi falar do único dia que consegui trocar uma palavrinha com ele. A gente estava na parada de ônibus e eu não poderia perder a oportunidade de avisá-lo que seu cadarço estava desamarrado.

- Maio, o teu cadarço tá desamarrado.

E foi só.

Teve um dia que ele estava estranho, estava pálido, mais calado do que normalmente, acho que estava passando mal, eu não sei, só fui me tocar mesmo quando o pessoal no meio da aula começou a se alarmar... e de repente nós armamos sem notar uma redoma em volta dele.

Eu não pude fazer nada porque ele já estava desmaiado, e nós já estávamos em Junho.

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