4.30.2009

1/2 peru 1/2 peixe

Perigo na via

Atenção!
Mantendo na reta...
Desliga o pisca. Ali do lado, ó. O pisca, querida.

Você tá desenvolvendo alta velocidade...
Já estaria reprovada.

Segunda marcha.
Segunda marcha, eu disse!!!
Pára! Pára! Não tá engatado!!!
Eu sei que você é uma moça inteligente, então eu vou falar só uma vez.
Essa aqui é a 4ª e essa é que é a RÉ. É essa aqui, olha!!

Tá já deu por hoje.

É, pára aqui.
Olha o mendigo!
Aqui é parada de ônibus, mas tudo bem. Desce. Desce.
Vamos precisar de aula extras, ok?

4.29.2009

Musa




Essa vai pro fotolog!

(Leiam como se fosse o Cazuza, ou o Elói Iglesias, ou o Julio Iglesias

Senhoras e senhores! Trago boas nova...eu vi a cara da morte e ela estava vivâ, viiiiiiva.
(agora normal)
Estou 94,5% ok. Não tô com tuberculose, yeaaahs. Tudo isso graças primeiramente ao Caio, depois minha família, Deus e meus ancestrais, depois a Pastoral da saúde e a da terra, que me deu lugar onde ficar nesses tempos, pois é esse foi o top top da minha recuperação.
Estou com saudades de todos. Tô voltandinho pro Cuíra pra ensaiar de leve, depois vou ver se ainda consigo voltar pra escola e entrar no teatro universitário...tirando outras todas as coisas da minha vida que eu deixei de fazer; entretanto aos poucos senão eu me futcheka denovo.
Só pra não ficar muito superficial, escroto, mau escrito e sem propósito isso aqui, eu lanço um desafio que eu ia colocar em outro post...procurem na cidade "slogans de lugares escrotos porém geniais". Poderia ser "slogans geniais de lugares escrotos" mas não é. NÃO É PORRA. Hoje eu achei a minha:

Desu
Por aqui você passa.

Te amo.

4.24.2009

anarquismo literário

pedras embrulhadas com poesias e textos, livros, garrafas com textos, invadindo a casa das pessoas por suas janelas e portas sendo jogadas por pessoas de mascaras, sem permissão, no perigo da madrugada.

pessoas pregando em praças e ónibus palavras de Rimbaud, Proust, Machado de Assis, clarice, Goethe e tudo o que estiver nas leituras dos padres e pregadores de literatura.

textos pixados no asfalto.

palavras de fita crepe nos carros estacionados formando frases em avenidas.

a palavra como arma

violência textual

4.23.2009

Atentado ao despudor

- Por exemplo, agora, foi você quem me beijou primeiro.
- É fui eu.
- Então acho que você estava com muita vontade.
- É, eu estava.
- Então acho que você gosta muito de mim; até pra fazer tanta questão de me beijar assim. Você também adora esbarrar comigo em algum corredor, ou alongar nossas conversas, ficar me olhando meio sem graça, fazer piadas na hora errada.
- É, eu faço bastante isso; mas eu também não tenho sangue de barata, né? Você é aí toda linda.
- Então larga essa faca... por favor, larga essa faca... laaaargh!

Fleur da pele

Nasceram violetas nos meus calcanhares...

Meu amor

4.22.2009

Ele cansou de me dizer.



Feriado. Confere.
Sundown. Confere.
Mochilão. Confere.
Rolo de papel higiênico. Confere.
2h de barco. Confere.
Trator. Confere.
Bolsa térmica nova schin. Confere.
Vaso sem descarga. Confere.
Minha cicatriz em processo de bronzeamento. Confere.

Cotijuba é lindo!

4.21.2009

ego-arte

artista em fo(r)cado, objeto(ivos) de lado!
Isso que eu sinto está tão forte,
mas tão forte, mas tão forte,
que eu poderia colocar no calendário assim:
Dia 21 de Abril, o dia da tua ausência.

Eu fiz cortejos, canções, estátuas de areia;

E só o tempo dirá
se faz algum sentido
eu te colocar na borda de um poema.

Daqui a 50 anos eu vou rir de mim mesma e me achar barata com minha frases decorativas.
Viajar pela memória é absolutamente lindo e trágico,
Hoje é o dia do trágico,
e eu rezo pra daqui a 50 anos: eu vou estar velha o bastante, assim como minha memória, quero que meus pensamentos fiquem a dormir numa cadeira de balanço,
A mãe morta não é mais a mãe.

Noite passada eu sonhei com minha mãe

Hoje não pode haver falhas,
O frio não pode chegar,
O sol não pode ficar gelado,
O interior da casa não pode apenumbrar,
Mas hoje faz frio,
o sol gelou,
e o interior da casa
é alma de sombra.

4.20.2009

Festa na casa do Zé

Banheiro da casa. Despejam aquela merda velha fermentada no canto errado.

- Porra, é tranquilo beber aqui em casa, mas cagar no bidê é foda, Amandinha.

Na sala as pessoas escutam Amy Winehouse e acendem incenso para esconder algum crime. De repente o estudante de Artes Plásticas da Belas Artes fala em alto e bom som: A arte me transcende! A arte me transcende! Depois disso começa a pintar seus braços, pernas e rosto com urucun azedo e páprica.

Alguém entoa um discurso burguês sobre Marx e nossa potencial energia para mudar o mundo.

Na cozinha as pessoas abençoam a larica da madrugada.

Tem um casal que nunca se viu na vida aos beijos em cima do puf.

No cantinho um violão desafinado, sem a nota ré, evocando os mais variados roquepopes juvenis.

Sete garrafas de rum, e os piratas são humilhantemente vencidos por si mesmos.

(Olha como nossos programinhas são legais).

4.18.2009

ontem fiquei triste por que o ícaro não foi a festa, mas não pelo fato de ele não ter ido, mas sim porque eu liguei pra ele e esperei que ele fosse direto e sincero comigo de como eles estava se sentindo e porque não queria ir, eu entenderia, gabriel disse que agente precisa resolver esse problema, eu achava que não tinha problema algum, na verdade é só uma fase, uma fase em que eu não quero buscar entender ninguém, e em que o Ícaro e sua semiótica precisam ser interpretados por alguém que precise entende-lo. eu não preciso por que gosto dele assim, sem entender, não entendo nem a mim. mas ontem vi que ele ta certo e errado, ele está buscando um outro nível, outro significante da palavra confraternizar, cansou do significante festivo da palavra, nesse ponto ele ta certo e eu entendi isso ontem, mas também acho que ele adoece porque não conseguiu achar esse outro significante, o problema é a palavra confraternizar que precisa de mais sujeitos pra significar algo, talvez por isso a resignificancia dela seja quase impossível. apesar de todas essas divagações ele sabe que eu o amo, e elas também. ?
E vai ter o dia em que eu vou falar: Estou indo embora.

E vou embora.

4.17.2009

Tenho que fazer um exame de escarro e um exame torássico. Eu fico imaginando como deve ser esse primeiro; deve ser tipo uma fila de pessoas cuspindo catarro verde no rosto das enfermeiras, e elas fazendo sinais com o dedo de legal, ou fazendo a gargantinha cortada com a mão pro médico. Talvez eu esteja com tuberculose, talvez só esteja com um cancro no pulmão...quero que tudo isso acabe. Essas semanas tomei mais remédio do que na minha vida inteira. Tô me sentindo muito vulnerável...por isso hoje não vou pra aula do Cesário, pra ele não humilhar minha postura me fazendo sofrer. Nem vou pra festa por que não dá.
Que saudade de vocês. Menos da aninha.
Torçam por mim! Talvez eu esteja com tuberculose...

4.15.2009

Portaria

Tem sido difícil ter os dias todos para mim, ser o centro do meu universo, e arranjar alguns planetas que queiram me circundar quando não estiverem muito ocupados-e-por-favor-não-quero-incomodar. É que eu não tenho muito o que fazer com a minha órbita além de captar bastante lixo tóxico, meteoritos e mais e mais poeira dos astros.
Daí tem o porteiro noturno, e só ele tem o poder Deus de me reprovar com um: Bom dia, senhorita!
Enquanto eu insistentemente respondo: Boa noite!
Como bom universo que sou me permito ditar o que é dia e o que é noite, e para mim não há respostas erradas, mas uma divergência de opiniões, é que eu só vejo mesmo um verso das coisas, o meu. E ele que não me peça para ser universátil que malmente sei ser universitária. É claro que ele não sabe nada disso, tudo que ele sabe é que eu sou prostituta e que existe uma nobreza de caráter em chamar uma prostituta de senhorita.
A meta agora é acumular energia para implodir novamente e formar em pouco mais de zilhões de anos e meio uma grande populaçãozinha, em algum dos meus planetinhas, de gente que se goste feito o Ícaro, a Paloma, o Lucas e a aninha fazem. Não que tenha alguma coisa a ver com as minhas bebedeiras, ou o lixo tóxico, ou o porteiro noturno, mas é que seria realmente
bom.

4.14.2009

BÚSSOLA




Com oito anos fui quase Jesus Cristo crucificado; pelo menos um prego atravessando a sola eu já tinha.

Até hoje sinto as dores da chaga, e me pergunto: pra quê abrir outras chagas?
Já basta esta única pedra no meu sapato gasto.

Meu pé é o que tenho de mais privado caminhando sobre o que existe de mais público, o mundo.

O NORTE DO PASSADO:

Izadora pergunta do banco de trás do carro para o pai que balbuciava palavras quase silenciosas:

- Papai, com quem o senhor está falando?
- Estou falando com os meus botões...
- Mentira, que os botões não falam.

É extraordinário como o imaginário infantil pode subverter até a mair refinada metáfora filosófico-adulta.
Da espécie de moças bonitas que agora são velhas: espia lá no fundo de cada ruga e entenda algo sobre beleza e juventude que só se revela depois de exatos 52 anos.

Até o final do dia resolver: ou escrevo um livro, ou compro uma bicicleta, ou tenho um filhinho, ou planto uma árvore, ou faço mestrado.

Dia furado, só futuros.

Fiz um planejamento que dará errado lá pelo ano de 2029.

Enquanto isso perguntam para minha mãe se foi difícil me parir. Ela responde:

- Claro, não era qualquer filha. Era uma filha da puta.

4.11.2009













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-!

4.09.2009

Farinha

Então tinha esse lance dos dois, a comida.
Ou melhor, a fome.
A fome era o desejo primeiro, e depois chegavam as maneiras de saciar este desejo primeiro. (fome de sal, fome de trepar, fome de pato no tucupi, fome de engolir o rio numa colherada só)

Numa outra história que anda morando por aqui na cabeça, tem também esse compartilhamento, mas de outro jeito, era o café da tardinha, café com leite, pão e manteiga e queijo, goiabada, broa de milho (porra, eu adoro broa de milho), depois lavar as xicrinhas na pia, ver o fim do mundo chegar no quintal de bobeira, só pra vida bocejar.

Aí nas duas histórias tem um momento de solidão, sei lá, caso de casal que não se quer mais diz tchau e vai embora; a situação do compartilhamento fica só na saudade portanto. E na verdade a trama começa já no campo da falta, não tem cena de amor, de lágrima, de separação, nas duas histórias as moças já estão sozinhas, cozinhando.

Uma eu já sei, inventou de assar biscoitinho de aveia, está empoada de farinha de trigo, com as mãos oleosas de manteiga pra massa não grudar; não tem ovo na geladeira, e só precisa de UM ovo na receita, ela então desce duas ruas até o supermercado atrás de UM ovo, mas ovo não vem de UM, vem no mínimo de seis. Então ela pega uma caixa sem perceber que um dos ovos está podre, não percebe porque não dá a mínima para os outros cinco ovos que restarão, ela só precisa de UM que seria escolhido num jogo entre o tato e a livre combinação matemática.



Ao passar pelo caixa percebe que a caixa de ovos está vazando, e pela primeira vez arrisca dar uma olhada para apurar o crime. Cinco são meio vermelhos, de cara viva, um é amarelecido, quase esbranquiçado, e debaixo dele uma mancha gema forte marcando o papelão. A atendente faz um escândalo tornando a situação ainda mais incômoda.
Cheiro incômodo de ovo podre.

O gerente do supermercado passeando por ali comprou a briga, mandou jogar fora a caixa, disse pra um empacotador ir voando pegar outra para repor.

Um ovo morto que matou os outros.

Entretanto, essencialmente, um ovo morto não precisa sacrificar os outros para ser aniquilado, por isso ele cheira tão mal, num alerta individual que deveria evitar o aniquilamento de outro ovo, saudável.

Uma possível omelete saudável, ou bolinho de chuva.

As pessoas é que têm nojo demais. Como a moça do caixa que passou álcool em tudo depois do acontecido.

Como o rapaz na fila que pensou: como ela não percebeu que o ovo estava podre?

A moça nem vê nada disso, pega suas compras, outros seis ovos novos e bons, sobe duas ruas e volta ao primeiro momento da história.

Eu, que não levo desaforo pra casa, no lugar da minha moça teria dito:

O CASO AQUI É O OVO,
MAS TAMBÉM NÃO É O OVO. NEM OS OUTROS CINCO,
CONTAMINADOS OU NÃO,
O CASO AQUI É O OVO PODRE
MAS NÃO É O OVO PODRE.

CARALHO,
EU SÓ QUERO MEU BISCOITINHO DE AVEIA.


Bom, sobre a solidão, não sei...

Pode ficar bom tacar uma dor de peito nela em algum momento.

Eu me perdi.

4.08.2009

4.07.2009

O que dá pra fazer com amor solado?

(Com o bolo eu ponho sorvete em cima e fica tudo bem)

Ando misturando um pouco de cerveja e bons amigos, até que dá pra comer. Até que dá pra achar bom. Até que dá pra guardar na geladeira por tempo ilimitado até a barriga roncar de novo.
Quem sabe aí eu volto a ganhar peso. Quem sabe aí eu não aprendo algumas receitas melhores. Daquelas acima de 10 milhões de calorias acolhedoras e aconchegantes. Dessas que deixam a gente mais que cheio, quase que não vazio.

Quando criança eu quis ser Chef. Mas o que eu posso fazer se me puseram no teatro e a ordem é fingir e só?
É. Eu tenho esses problemas com comida.

4.06.2009

Portinha

Eu quero um doce da Portinha.

A primeira vez que fui à Portinha foi em outubro de 2005, tenho certeza porque era época de Círio e foi um ano antes de eu me mudar para São Paulo.
Eu e o Renato nos encontramos no píer das Onze Janelas e lá eu contei pra ele que estava namorando, ele também me contou alguns segredos inconfessionáveis e tocou boas músicas ao violão e o finalzinho da tarde era quase tão fascinante quanto ele.

Portinha era meio cômodo de uma casa na Cidade Velha que havia sido transformado em lanchonete (daí o nome de coisa mínima).
Na Portinha vendiam:
A melhor empada de jambu da cidade
e o melhor bolo de chocolate.


Lembro com ternura que foi o Renato que pagou o meu Guaraná Garoto.

À meia-noite os fogos no largo de Nazaré. Como eu morava mais ou menos perto dava pra observar o céu iluminado da varanda, com o pescoço entortado. Minha mãe disse que os fogos reluzentes no escuro pareciam aranhas explodindo, criando teias e parindo filhas que criavam outras teias e pariam outras filhas.

O Renato disse que a nossa casa era só poesia.

Até então eu não sabia, nem imaginava que pescoço entortado dava poesia.

4.02.2009

Empreendimento




Muitos bichos na minha cuca. Alguém quer fazer sociedade?