1.29.2012

Bandida

De cárcere em cárcere eu sou a luz mais cansada, ativa e viúva daquele presente. Visito todos os quartos. Já iluminei a liberdade incondicional cavalgando à ilusão de minha luz cansada, ativa e viúva nos cárceres que - empoeirados de tanto material de construção inavaliável (como cal, sal, ervas e o mau) das salas alheias às lamparinas fedentinas do umbigo dos outros - estavam abertos por corredores projetados ao horizonte de uma nuvem múltipla carregada das objetividades mais cotidianas.
Agora cheguei. Minha própria bandida mijando no penico de alumínio da terceira cela no sétimo pavilhão, ala das bastardas. Nota dez para o destino. Nota mil para a grandeza parca da resignação. Notas tristes para a humanidade...recorrente amanhecer. É fácil aceitar. Você tenta fugir passando por entre as grades, mas não é estreito seu esqueleto nem em você mesmo. Constituição concreta, não é nada abstrato. É simples, eu não posso mais fugir.

Quando era um brinquedo fabricado pela juventude guardava os raios de sol comigo porque algo me diz que precisarei deles um dia. Está tudo dentro de um saco plástico rodopiante que bufa o calor das 9 e meia na hora que bem entende...minha antiga hora favorita em que cantavam aquela canção do garimpo que dizia mais ou menos assim:

(não tenho lembranças)





Era a canção das 9 e meia que atraía o sol que me despia. É o balão de seringueira apitando pelo céu visceral do mais misterioso rei absolutista chamado escuro. O olho uno me arrebentando à lampejos e relampejos em tormenta mofada.
É a vida interrompida. Sou eu calada, gostando. Meus filhos são as sementes da bandida mais cansada, ativa e viúva; construída pela terra úmida que me jogaram à cova e arrependida por mais de 7 anos - os únicos - por não comungar o pão divino como me ensinou alguém que hoje é um espectro irreal do feminino. Eu não sabia, mas já temia adeus. Sou a sombra que não precisa do progresso do movimento nem do arrependimento. Estaticamente engoli um calabouço antes de ser concebida.
Segurança máxima; tua pena, mundo, é mínima.

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