10.16.2012

ANTES EU ACHAVA QUE O MUNDO ERA DIVIDIDO ENTRE VERMELHOS E AMARELOS II





Quando amarela, uma pracinha numa tarde de sol.
Quando vermelha o próprio sol.
Quando amarela, um sorriso largo na boca e por dentro um silêncio devastador.
Quando vermelha meu olhar entristecido vai às ruas e se exibe para os passantes, por dentro a morte é uma alegoria.
Quando amarela sinto o vento profundamente apaixonado por meus cabelos.
Quando vermelha, tenho sete furacões em rotação dentro do estômago.
Quando amarela sinto fome.
Quando vermelha devoro coincidências, reticências e inconstâncias,
Quando amarela fico tão linda.
Quando vermelha fico mulher.
Quando amarela invento canções, caço no escuro as luzes restantes do dia, converso com o tempo e esqueço as regras da boa educação.
Quando vermelha  eu sou o céu,
A distância e o azul
Em amarelo eu me destaco nos vôos mais imprecisos
Vermelha eu sou o corte do pássaro veloz rasgando o meu peito
Quando amarela eu quero ter filhos
Quando vermelha eu já sou a mãe do mundo
Quando amarela eu percorro o mundo em um suspiro
Quando vermelha minhas pernas doem, meus calcanhares em ruínas
Quando amarela, me atraso
Vermelha, me antecipo
Quando amarela eu sou o detalhe e o ensaio e o difícil
Quando vermelha, um desastre de improviso...
E quando cinza, nada disso.  

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