9.30.2009

Rodrigo Barata

Professor Marcante
Por Paloma Franca Amorim – Matéria: Didática


Certamente minhas inquietações sobre a arte e processos educacionais muito foram influenciadas por minhas experiências em sala de aula. Aqui apresento um dos professores que foi fundamental para que eu escolhesse a formação de licenciatura em Artes Cênicas.

Rodrigo Barata me deu aula de literatura num colégio particular, na etapa do ensino médio, durante três anos.

Embora ele fosse uma figura interessante, cheia de questões com a escrita e a cultura literária, sua avassaladora e forçada alma de artista (como chamam os pós-modernos) criava uma espécie de situação extremamente passional em toda e qualquer aula, ele ancorava sua didática na catarse da classe e na própria, atingindo inclusive um tom moralista-existencialista sobre a vida, de modo que suas aulas eram muito mais sobre ele enquanto criatura indecifrável do que sobre a vivência literária pela qual estávamos passando ou precisávamos passar, creio eu.

Entendo, portanto, que suas aulas tinham um caráter muito mais espetacular do que de compartilhamento. Eu sempre amei literatura, gosto muito de escrever, e num primeiro golpe de vista achei que aquela era uma tácita e potente, talvez a maior de minha vida, experiência com as palavras. Não foi. Até porque esta experiência para mim perdura, é cada dia maior, e se dá num campo pessoal, talvez muito parecido com o campo que Rodrigo insistia em construir em sala, um campo privado de assimilação pública e não de constituição pública. No caso de Rodrigo, a pura subjetivação publicizada.

Em minha opinião, isto cabe no processo educacional como força motriz e não como foco, visto que compartilho da idéia de Arendt sobre a educação enquanto iniciação de mundo público. Neste sentido, Rodrigo tinha um conteúdo rico de iniciação de mundo, mas se perdia na formas de um mundo privado que teima em colonizar o mundo público.

Minha maior questão em relação à arte toca justo neste ponto: em que medida a arte, esteticamente e politicamente, pode contribuir com a educação?

Em que medida um professor-artista (no sentido mais concreto e menos etéreo do termo) pode usar sua sensibilidade não para se descolar do mundo como um ícone de salvação ou rejeição a ser observado. Como um professor de arte pode utilizar sua matéria poética, intuitiva e teórica, para estabelecer relações com seus estudantes e seu meio público?

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