7.15.2011

AS CONSEQÜÊNCIAS DO ESPAÇO

Na mais alta abstração de bar, o mundo vai surgindo em forma de gente com copos de cerveja na mão... e todos estamos juntos: todos bebemos.
Brindamos aqui e acolá.
Um rapaz se aproxima com seus olhos meninos que denunciam qualquer arte tornada trabalho. Músico. Simpático. Belo – daquelas feiuras distorcidas pela brisa marítmaalcoólica da madrugada.
Conversamos num quase-troca-telefone, sorrisos de quase-vou-agarrar-mas-não-vou-porque-hoje-é-quarta-feira. Despedidas esquecidas, mais uma noite mal dormida. Adélia Prado na cabeceira. Clarice veio morar na nossa casa. Hilda Hilst dorme obscena sob meus lençóis.

No caminho de volta para casa eu e minha companheira de aventuras esboçamos passos trôpegos e risadas. Queda nas escadas. A promessa de empedrar o coração. Mas o coração é de areia, empedrou e dissolveu inocentemente espalhando-se pela praia.

Ele falou uma coisa que eu adoro ouvir.
O que?
Que eu sou interplanetária.
E o que isso quer dizer?

(que eu vivo na solidão de minha cápsula lunar com uma máscara de oxigênio torcendo para chegar numa próxima estação galática enquanto minha mãe tenta me enviar mensagens holográficas de duas em duas semanas quando me é permitido algum contato com a terra – e a terra nem é redonda.)

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