7.25.2011

U8

PankStraße
SchönstedtStraße (Esquerda) até UferStraße nº23

Eu ultimamente tenho acordado tarde
calçado botas pretas das cores dos meus
sonhos
Eu ultimamente tenho sido o último
primeiramente o último nas tentativas
aqui dentro não há, as tentativas
tudo se esbarra em fatos estranhos
que pegos de um estalo
são as flores arrancadas do telhado

Eu ultimamente desaprender o verbo
castrado o vício; criado outros, chorado
sempre. Pedindo com os olhos de gigante
por mais um amante

Eu ultimamente tenho sido o último
primeiramente pensado em mim
pesado de compreensão.

Acho que sou Jesus Cristo, ou um
anjo salvador. Piedade de mim, ultimamente

Ultimamente tenho uivado com as
mãos, dedos e braços
fazendo música para aparecer no rádio
ao menos o rádio me diz que horas são

Primeiramente tenho sido o quarto
também corredor, abraço o que tenho
vontade. Eu sou uma verdade, ultimamente

Quando sorrio quero um interruptor
pra me dizer que não, ultimamente tem
sido necessário.

Nesse caso, primeiramente arranco
uma flor do telhado pra dar adeus
às minhas costas e dizer como vai pra minha barriga

Sonho que não me lembro de nada
que sou uma máquina surda, que ultimamente
não sabe em que verbo e em que país sentir.

- Sabe sim, ultimamente, hoje por exemplo
você viu um gato. Você sabe, rapaz, que loucuras sobem as paredes, escorrem das gave-
tas. São os espíritos e silhuetas que te seguem.

Você é um espírito meieiro, assuma. Desista.

Quanto vale o que te põe ao redor de cercas?
Volte lá e cumprimente sua sorte: ela tem
patas afiadas e seios de elefante, garga-
lha e sapateia, meio luminosa, meio solitária.

Apertou sua mão? A direita na errada?
A esquerda na dúvida?
Não perca tempo. Um abraço basta.

Agora sua sorte é carpideira pela morte de
sua origem: você não possui passado, amigos, estirpe
você é sua alcatéia, e olho só que maravilha
planando se vê de cima - planejando se vê:
o rosto miúdo da vida saindo de uma sala escura
virando a esquina da rua, pegando avião, trepando
na contramão, te olhando mais alto que poste,
como um perigo de morte que sempre há de
te cutucar.

E veja só que vida...no seio duro há caída
Tudo que vem-vai. E mesmo esta sala escu-
ra com toda a sua candura um dia irá desabar.

Te deixo um único pretexto para continuar
Deixe as salas sempre abertas para as penas
os travesseiros entrar. Esqueça as penas:
Lembre que o que te amorteceu foi o
vento frio que pulou as escadas todos
os dias de solidão dividida de uma casa sofrida
cheia de caranguejos, moleques e lamaçais.

Agora você tem sua sorte de volta
Respeite o seu desrespeito.
Negligencie sua reza só por um dia
Esteja com Deus, jante com ele, despeje no prato
a sopa do mundo: sem peixes nem pensamentos
profundos. Conte pra ele quem riu de você.

Ele entende. Vocês vão chorar juntos como nos
dias em que as pessoas nascem e morrem.
Sinta seu coração pegando fogo de cólera
- Olha lá, Deus chamando um palavrão.

Respeite seu desrespeito.

Um dia eu volto pra minha cidade de cabeça baixa
Não vai ser de tristeza, é que lá as pessoas tem
medo do sol. Ele arranha retinas de tão florido.
Vou contar pra todo mundo o que me acon-
teceu de outro jeito que não é a verdade.
É que tem tempo que eu rego a planta
dos fatos; aí eles crescem. Eu prometo que
não lembro mais quem me disse nem quem
foi: é tudo tão perfeito que é melhor não
contar, ninguém acredita em si nem no mundo.

Comprei duas mil cores novas para os meus
sonhos, mas até agora só apareceram as mesmas das
cores das botas pretas.

Terei bombas para explodir quando minha
cabeça baixar novamente, mas sempre protegida estará
sob os olhos floridos do sol: encontrarei uma capa
para cobrir nós dois. Então fingirei que não estou,
vou deixar você me levar com você

Não se preocupe. Fique onde você está.
Fale sozinho que eu sou uma máquina de não
escutar. Faça um plano, querido. Construa
sua linha com palitos de fósforo: por lá te
seguirei acendendo seus passos do passado.
Por favor, não se esqueça!
Você pode negar tudo menos suas linhas quei-
madas. Sentes o cheiro? O que eu falei você
já fez, em Dezembro, Setembro Agosto Junho
Domingo e Novembro. Bem atrás de você.
Eu estou atrás de você, como uma canção
romântica, uma triste novela quem têm um pouco
da tristeza de todas as outras.

Assobio pela fresta do seu interiorano bairro
Onde está sua avó, senão no que você mais tinha
medo? Exorcise, diga credo. Credo de admiração.
Credo do que é creditado em matérias esquecidas
mas disso só o nada se lembra, por que ninguém aprende.
Nem você aprende, seu...Anjo Demoníaco.
Eu e você.

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