7.30.2012

A morte tinha a boca amarela.
Caminhava por meu quarto enquanto eu insone sobre a cama pensava nela.

Pensar na morte já é morrer um pouco. Pelo menos para mim que não penso especialmente naquela espécie de morte pessoal e intransferível... penso na morte dos meus, dos que já foram, dos que amo e existem agora unicamente no amor que sinto. E isto é morrer um pouco.

Morrer um pouco insone sobre o travesseiro, morrer desta morte de boca amarela.
Morrer sabendo que não posso durar muito neste estado visto que o amanhã é sempre segunda-feira e preciso acordar cedo com algum descanso no corpo.

Morrer me deixa suada e com dor nas pernas, como se eu houvera realizado uma extensa pernada. Então folgo os nós dos pensamentos, tiro-os da cabeça e coloco-os ao lado, junto aos meus outros sapatos.

Fecho os olhos e não enxergo mais nada, percebo apenas aquela criação da minha alma que é o mais profundo de mim.

Não tenho medo da morte, eu que morro todo o tempo pelos que já perdi, acabei por me acostumar com ela.

A morte tem a boca amarela, mas o meu rio é mais caudaloso.


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