7.26.2012

Evolucionismo

Gostava de andar sobre as próprias pernas... quando elas foram amputadas naquela escuridão de período em que amputavam-se as pernas da população indeliberadamente, sentiu profunda devoção por seus braços.
Mas aí vieram os anos 90 e os braços também foram extirpados.
Restou-lhe a cabeça. Ele pensou: na cabeça não vão mexer, não interessa a cabeça.

Mal sabia ele que os métodos de desmonte eram muito refinados por conta de um progresso tecnológico que invisível passou dando tapas nas caras de todos.

Uma furadeira highpolitic, na madrugada distante, adentrou seus ouvidos sonolentos e liquidificou os pensamentos...

De manhã já estava com aquela inédita e, a partir dali, perpétua sensação de melancolia intelectual que o impediu de sair e ver o sol, que o impediu de ler os poeminhas fatais de amor, que o impediu de ouvir aqueles velhos samba-canções do Lupcínio.

Mas lutaremos à sombra! - Como bradou o rei Leônidas.


(O coração escondido no peito ainda vibrava em festivas pulsações, mas mantenhamos esta informação entre parênteses... isto é, entre dois mistérios, feito um segredo).

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