7.15.2012

Filha órfã


Eu dizia para meu pai,
Não sou filha de Benedito – que era o pai de meu pai...
Sou filha de Antonio...
Mas ele teimava em retrucar que seu pai fora um homem muito bom, que tratava bem todos os empregados, que nunca ficara em dívida com ninguém e que, portanto, não era condição temível ser filha de Benedito.
E eu começava a chorar umas lágrimas ardidas que pulsavam tanto quanto minha fúria de peito.
Meus ímpetos bélicos faziam-me repetir: não sou filha de Benedito, sou filha de Antonio...
Mas Antonio era tão inclinado a Benedito que acabei ficando órfã.

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