3.31.2009

Som pra Padre Ouvir

Há canções que chamo muito particularmente de canções confessionário. Não por um motivo romântico embalado por letra cheia de euteamos ou qualquer termo lírico equivalente, nem por uma reação emocional-sinestésica à beleza melódica proposta por acordes dissonantes; as canções confessionário são assim chamadas por serem segredos pagãos dentro dum baú divino. O AMOR é matéria mais recorrente para compor os segredos pagãos das canções confessionário, o AMOR em todas as suas acepções humanas, portanto, a musicalidade está no idealismo, no ciúme, na paixãozinha de final de festa, na saudade, na falta, na loucura, no derretimento, e daqui pra frente é uma lista infinita de sentimentos que, curiosamente, se potencializam em condições ideais de temperatura e mistério.


CONFESSIONÁRIO (Experimento primeiro - Feita numa manhã caótica de noite não-dormida. Amor que não pode ser prenunciado por uma bola de cristal. De tão velado engana até os deuses.)

Ah, cadeira matinal,
Toma um pouco do café,
E um pouco do sabor
e um pouco do que é
a borra do café: tudo borrado.

Ah, a mesa está de pé
quebrado
Manhã torta 'tá avisado
é amor, é amor

Mentira, papo furado
é só calor da clareira
caridosa do verão

Ah, a musa do teu alvo
não passa nem vai
Tiro de festa não é crime de matar
em dia quente, solitário
um pingo de suor
Confessionário



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