Há canções que chamo muito particularmente de canções confessionário. Não por um motivo romântico embalado por letra cheia de euteamos ou qualquer termo lírico equivalente, nem por uma reação emocional-sinestésica à beleza melódica proposta por acordes dissonantes; as canções confessionário são assim chamadas por serem segredos pagãos dentro dum baú divino. O AMOR é matéria mais recorrente para compor os segredos pagãos das canções confessionário, o AMOR em todas as suas acepções humanas, portanto, a musicalidade está no idealismo, no ciúme, na paixãozinha de final de festa, na saudade, na falta, na loucura, no derretimento, e daqui pra frente é uma lista infinita de sentimentos que, curiosamente, se potencializam em condições ideais de temperatura e mistério.
CONFESSIONÁRIO (Experimento primeiro - Feita numa manhã caótica de noite não-dormida. Amor que não pode ser prenunciado por uma bola de cristal. De tão velado engana até os deuses.)
Ah, cadeira matinal,
Toma um pouco do café,
E um pouco do sabor
e um pouco do que é
a borra do café: tudo borrado.
Ah, a mesa está de pé
quebrado
Manhã torta 'tá avisado
é amor, é amor
Mentira, papo furado
é só calor da clareira
caridosa do verão
Ah, a musa do teu alvo
não passa nem vai
Tiro de festa não é crime de matar
em dia quente, solitário
um pingo de suor
Confessionário
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3.31.2009
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