2.19.2012

Elefantes - Dezembro de 2009

Final de ano e dia chuvoso. Os pingos de chuva caem sobre a rua e se confundem com as luzinhas de Natal e com a pressa dos passantes encharcados e com o barulho dos carros no anti-movimento do trânsito pesado.

Cancelamos nossos compromissos da tarde para beber uma cerveja no bar. Não faz sentido, porque isso mesmo já é por si só um compromisso.

Se bebêssemos menos, se fumássemos menos, se caíssemos menos. Choraríamos mais.

Quando estou melancólica – que dor – olho para a foto pregada na parede, nela estou com cinco anos de idade no jardim zoológico olhando dois elefantes que andam em seu cativeiro como se estivessem em meio a uma grande selva cerceada. Por que ainda são imponentes, mesmo que enjaulados? Quem poderá calcular a tristeza dos elefantes? Eu nunca pude.

Teve um tempo em que eu queria ser um elefante. Casca dura, memória grande, corpo desajeitado que desbrava caminhos sem volta. Mas seres humanos jamais poderão ser elefantes como podem os passarinhos, por exemplo. Pois no primeiro endurecimento da carne, morremos por conta de uma tediosa compostura que não nos é digna.

Então virei qualquer bicho feito de couraça, que é uma imitação barata da pele dos elefantes. Virei um crocodilo.

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