2.01.2012

Julho de 2011

4 E 24

Agora tão longe
dos tratados de amor ditos nos
cânticos de sábado
(mortos na ressaca do domingo-risoto-coca-cola)

Sozinha no quarto às quatro da manhã
penso no presente perfeito embalado pras tuas mãos.
Agora penso em sinfonias
penso nos teus beijos
penso também na beleza e necessidade
de solidão
penso na cidade e seu frio
penso no filho que uma amiga arrancou esta manhã
penso em quando desmancharemos os muros
com nossas britadeiras
penso no desemprego que me assola
e nas férias do desemprego,
penso na delicada melancolia das luzes existentes no inverno.

penso em antigos amores que me deixaram
doida – e é tão bonito que não paro de pensar.
Sozinha no quarto às quatro da manhã

penso na viagem que vou fazer para o rio de janeiro
penso nesta tosse que não me deixa dormir
penso em parar de fumar
ou em fumar um cigarro agora que não consigo dormir
sozinha no quarto às quatro da manhã

penso nos possíveis medos que me movem além-mar
decoro afogamentos, surjo de improviso num barquinho triste de pescar coragem.

penso em me dar de presente pra ti, assim, inteira e cheia de
mistérios escancarados, espalhados pelo chão da sala, palavras repetidas,
insônia calma, peito aberto e através dos olhos
lágrimas de travesseiro

penso em me dar pra ti assim, quem sabe talvez,
ou então atravessada pelo furacão
que criei de menino.

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