5.26.2009

ODE A LAURA LINNEY


Não vou aqui entrar no mérito da afirmação leviana do Oráculo1 sobre os ares aflitivos e estranhos de Carmen Maura, que para mim é uma das melhores e mais interessantes atrizes de sua geração.
Mas se vamos falar de atrizes, porque não tocar no nome de Carmen Maura? Que, para mim, é de fato uma das melhores atrizes de sua geração. Carmen Maura é uma GRANDE ATRIZ porque é despudorada, brinca em cena, assume a dor e a patetice de suas personagens (que em grande parte são almodovarianas). Carmen Maura é de um cinismo impreciso e delicioso.
Ela, assim como Martina Gedeck, está no topo das grandes artistas do cinema mundial.
E então temos Laura Linney. Quem é Laura Linney?
Foi indicada ou ganhou algum Oscar talvez. Ademais: quem é Laura Linney?
A antagonista do naco de carne Scarlett Johanson em Diário de Uma Babá; a insuportável esposa de Jim Carrey em O Show de Truman; a advogada de O Exorcismo de Emily Rose. Ou seja: cereja. Laura Linney é aquilo que pode se chamar tão somente de BOA ATRIZ.
Sejamos honestos, daqui a alguns anos quem vai se lembrar dela? A mãe dela. E só.
Mas em terra de cego quem tem um olho é rei; o que é uma BOA ATRIZ numa terra onde existem milhares de monstros sagrados? Laura Linney é discreta em sua interpretação, tem medida. O que seria do Jim Carrey em O Show de Truman sem a opressão materializada em sua esposa? Emily Rose nem seria lembrada depois de sua morte se o padre não fosse processado e sua advogada não o tivesse defendido com primor. Pior: não lembraríamos que a jovem foi vítima de uma possessão demoníaca. Laura Linney alcança patamares religiosos com o seu talento - que é um talento milimetricamente dosado, mas é um talento.
Laura Linney existe para fazer os outros brilharem, como o sol que empresta o seu brilho para a lua viver altiva; mas quando namorados querem experienciar o momento mais romântico de suas vidas, eles não escolhem o sol, escolhem a beleza de uma noite de luar. Se Carmen Maura ou Martina Gedeck estão no recinto ninguém olha para Laura Linney, e ela humildemente fica recolhida a sua insignificância, portando-se como uma BOA ATRIZ.
Uma BOA ATRIZ não faz escândalos em busca de reconhecimento midiático.
A Laura Linney pode fumar, cheirar, beber até o cu fazer bico, mas nós nunca saberemos. Laura Linney pode se casar com o Sarney que não fará nenhuma diferença. A sua discrição evoca no público alguma indiferença.
Eu ponho minha mão no fogo por Laura Linney, sei que ela nunca será agente de um bafão.
Aqui deixo minhas palavras em homenagem a esta irrelevante artista de Hollywood que não mora em nossos corações e nem marcou nossa existência e por isso, possui eternamente um pedacinho carinhoso do nosso esquecimento.




1Oráculo é um persaonagem ficctício. Qualquer coincidência é mera semelhança.

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